UN FILM DE CHRISTOPHER HONORÉ – LES CHANSONS D’AMOUR.




Por mais chato que possa parecer, faço parte daquele tipo de pessoa que adora filmes com diálogos musicais. É tão inexplicável e surpreendente que me agrada a utopia de tais filmes, os mesmo mostram que não são apenas musicas românticas que atingem nosso inconsciente, mas mesmo assim gostamos de expressar sentimento atrás de musica, e é por esses e outros motivos que filmes musicais são magníficos. Também não é preciso dizer que sou uma grande fã, por exemplo, de filmes como Moulin Rouge, Dreamgirls e 8 mulheres.

Les Chansons D’amour com seu titulo brasileiro “Canções de amor” é um musical francês delicioso e singelo, onde temas como morte, triângulos amorosos e homossexualismo foram tratados com bastante delicadeza e poesia.

Ismael interpretado pelo queridinho do cinema francês Louis Garrel (lindíssimo) e Geanne (Ludivine Sagnier), formam um casal um tanto quanto liberal e adotam Alice (Clotilde Hesme), uma bissexual, em um relacionamento a três. Onde o amor é tratado de uma forma natural, porém complexa. E embora o triangulo não obtenha suas pontas bem definidas ou muito claras, os três buscavam completar o vazio um do outro.
 Aparentemente visto como normal o triângulo amoroso tem um tratamento comum, sem alardes. Até mesmo quando Geanne decide expor a realidade em que vive para sua mãe, e não é visto como algo escandaloso ou punitivo, a mãe reage de forma passível o que não proíbe ou moraliza o fato da filha dormir com um homem e uma mulher ao mesmo tempo. 


Dividindo três partes em: a partida, a ausência, e o possível retorno, Christopher Honoré constrói uma pequena historia de amor e a sua falta se tornam combustão para os personagens, Honoré procurou e claramente conseguiu obter um olhar bastante singular explorando implicitamente cada personagem, tomarei como exemplo Louis Garrel que aparece muito bem, alternando a melancolia e a coragem de entregar novamente á alguém. Honoré também contou com seu parceiro habitual Alex Beacepain nas composições da trilha sonora, onde a mesma serve como complemento aos turbulentos e complicados momentos que constituem a vida de quem se dispõem a amar verdadeiramente alguém. (Assumo que de todas musicas a minha favorita é "As-tu déjà aime" interpretada por Grégoire Leprince-Riguet e Louis Garrel, por possuir uma letra bastante metafórica e necessitar de um pouco mais de reflexão para entendê-la completamente). 

O filme lida com a morte de forma fria e objetiva. Parece surreal que uma garota de 29 anos morra de parada cardíaca, mas a vida é imprevisível, então é bem aceitável o fato do protagonista ficar sem rumo.

A forma como a família de Geanne reage a sua morte nos mostra que nem toda perda, ou representação dela, é regada a choros histéricos, pessimismo e descrença. A morte para Horoné, ganha cores preto e branco e as imagens de tal constatação estão congeladas na tela, ou seria na memória?

A forma como o filme aborda a tendência homossexual de Ismael é sem dúvida a melhor parte do filme. Além de agraciar o espectador com belas imagens do casal e nos oferecer um romantismo incomum nos dias de hoje, os textos de Honoré e as canções de Alex Beaupain retiram o estigma da marginalização que há no amor entre duas pessoas do mesmo sexo.

Canções de amor, é agraciado por ser falado em francês, o que para alguns é motivo de prazer auditivo (obviamente este é o meu caso), e claro por ter Paris como cenário. Cidade fetiche dos apaixonados. Se por algum acaso passar, por exemplo, na TV a cabo um dia desses, ou você não tiver boas indicações de filmes novos, confira. Com toda certeza o filme é uma calma e poética visão sobre o amor. Quem nos dera se a vida real fosse filme.